![]() 21/09/2014 09h00
Bandas e sons nacionais e interpretações... I
14 Bis - Espanhola 14 Bis - Pequenas Maravilhas A Adriana Calcanhoto (voz)/ Fagner (arranjo) letra de "Traduzir-se" Ferreira Gullar http://www.youtube.com/watch?v=G7HLmz4NvhM Adriana Calcanhotto - Água Perrier Almir Sater - Corumbá http://www.youtube.com/watch?v=a1FGVQ_MV4Y Almir Sater - Terra de Sonhos http://www.youtube.com/watch?v=2AwQ3FWG9lM
Ana Carolina - Elevador / Livro de Esquecimento Ana Carolina & Seu Jorge - Vestido Estampado Ana Carolina & Seu Jorge - Tanta Saudade Ana Carolina - "Rai Das Cores/Caetano Veloso" Ana Carolina - Garganta Atenção ( e outros sons) - Arnaldo Antunes Biquini Cavadão e Renato Russo - Múmias Boca Livre - Quem Tem A Viola Caetano Veloso - Terra (Do CD: O Estrangeiro) Caetano Veloso - TIGRESA Ceuma - Pecadinhos, composição: Zeca Baleiro Charlie Brown Jr - Quebra-Mar Charlie Brown Jr. - Proibida pra mim (Acústico) Charlie Brown Jr./ Geraldo Vandré - Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores http://www.youtube.com/watch?v=L59Mpe73mlU Charlie Brown Jr - Céu Azul (webclipe) http://www.youtube.com/watch?v=LG1Qi1UbQ-8 Charlie Brown Jr. - Senhor do Tempo http://www.youtube.com/watch?v=EWDPT-dVxHg Chico Buarque de Hollanda - Tatuagem Daniela Mercury - Swing da Cor Debora Blando - A Maçã/Raul Seixas - P. Celho Detonautas - Olhos Certos Diogo Nogueira - Você Abusou Ed Motta - Parabéns pra você https://www.youtube.com/watch?v=ZCgJMIe0Sgs Edu Lobo - Vento Bravo Egberto Gismonti - Água e Vinho http://www.youtube.com/watch?v=9pCv7lweyQA&feature=fvsr Egberto Gismonti/Aquarela do BR - Cordoba Guitar Festival http://www.youtube.com/watch?v=Yhrcx0ZKnV4&feature=related Egberto Gismonti tocando Villa Lobos http://www.youtube.com/watch?v=pfFki8c20ms Elis Regina - Vento de Maio Elis Regina - Gracias a la Vida Espírito do Mar F Fernanda Abreu - Aquarela Brasileira Fernanda Abreu & Lenine - Jack Soul Brasileiro (1997) Fiuk e Jorge Benjor - Quero Toda Noite http://www.youtube.com/watch?v=NFhDc82NHz8 Flávio Venturini & Guilherme Arantes - Todo Azul do Mar http://www.youtube.com/watch?v=501eES6khbA Frejat - Segredos GAL COSTA - VACA PROFANA Gal Costa & Elis Regina - Estrada do Sol Joelho de Porco - O Rapé Jorge B. Jor - Filho Maravilha https://www.youtube.com/watch?v=OYsPInKzI8Y Jorge Ben Jor - Chove Chuva Jorge BenJor - Taj Mahal Jota Quest - Vem Andar Comigo (clip bonito)
Isabella Taviani - Tem que Acontecer Ivan Lins - A Noite Ira - Envelheço na Cidade Lô Borges - A Força do Vento Lô Borges - Clube da Esquina Lô Borges - Lô Borges/1972 (Full) Lô Borges - Vento de Maio Lô Borges - Nuvem Cigana Lô Borges - Equatorial Lô Borges - A Via-Lactea Lô Borges - Sonho Real Lulu Santos - Adivinha o Quê http://www.youtube.com/watch?v=llvxqQkn_II&feature=related M Mamonas Assassinas - Cabeça-de-Bagre II Marcus Viana - Sagrado Coração Milton (homenagem a Elis) - Show Tambores de Minas http://www.youtube.com/watch?search=&gl=BR&mode=related&hl=pt&v=PKRc6zAqC-s Milton Nascimento (raríssimo) - São Vicente Milton Nascimento & Mercedes Sosa - Volver a los 17 http://www.youtube.com/watch?v=BcID17wcZHU&feature=related Ney Matogrosso - O Sol Nascerá (A Sorrir) [Cartola] Nando Reis - Não vou me adaptar Nação Zumbi - Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada http://www.youtube.com/watch?v=ICHvZwueL_Q&feature=related NX ZERO- Onde Estiver (a pedidos) Nx Zero - Não É Normal (a pedidos) O Rappa - Meu Santo Está Cansado O Rappa - Hey Joe O Terço - Solaris Os Mutantes - El Justiciero Raul Seixas - Tu És O MDC Da Minha Vida Renato Russo & Flavio Venturini - Mais Uma Vez Rita Lee & Pitty - Esse tal de Roque Enrow Rita Lee - Balada do Louco Roberto Carlos - Detalhes Roberto Carlos com o Coral da Universidade Gama Filho – Jesus Cristo Roberto Carlos – A Montanha Roupa Nova - DONA Sá, Rodrix & Guarabyra (ao vivo) - Sobradinho http://www.youtube.com/watch?v=8ERBwtuaYmYSá e Guarabira e Zé Rodrix - Primeira Canção da Estrada SKANK - O HOMEM QUE SABIA DEMAIS (de Arnaldo Reis) Skank - Garota Nacional Skank - Sutilmente Skank y Manu Chao - Sem Terra Seu Jorge - Seu Olhar Som Imaginário - Hey Man T Toquinho & Vinicius - Como dizia o poeta Ventania - Eu Sou Doidão Zeca Baleiro Bandeira Zeca Baleiro - Dezembros (Zé Ramalho) Publicado por Rosangela Aliberti em 21/09/2014 às 09h00
16/09/2014 20h16
PERDOE E VIVA - psicog. Chico Xavier, ditado por Meimei
PERDOE E VIVA Perdoe e viva. Se você não perdoar hoje… Amanhã, por certo o seu dia será mais escuro, seus passos estarão menos firmes, seus problemas surgirão mais complexos. Sua mágoa doerá muito mais…se você não perdoar agora, Diga o que sabe sobre o chacras https://www.youtube.com/watch?v=eRukzTMSTnc imagem/desconheço os créditos.
Publicado por Rosangela Aliberti em 16/09/2014 às 20h16
29/08/2014 01h06
Mais alguns textos de Martha Medeiros
Dentro de um abraço Onde é que você gostaria de estar agora, nesse exato momento? Fico pensando nos lugares paradisíacos onde já estive, e que não me custaria nada reprisar: num determinado restaurante de uma ilha grega, em diversas praias do Brasil e do mundo, na casa de bons amigos, em algum vilarejo europeu, numa estrada bela e vazia, no meio de um show espetacular, numa sala de cinema assistindo à estreia de um filme muito esperado e, principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco estrelas consegue superar – a intimidade da gente é irreproduzível. Posso também listar os lugares onde não gostaria de estar: num leito de hospital, numa fila de banco, numa reunião de condomínio, presa num elevador, em meio a um trânsito congestionado, numa cadeira de dentista. E então? Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo? Meu palpite: dentro de um abraço. Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve. Que lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado, para um recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma situação é incer-ta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso. O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito. Que lugar no mundo é melhor para se estar? Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão se divertindo, num final de tarde à beiramar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que você mais ama? Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor, senão dentro do primeiro abraço? Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele. Até entendo que há momentos em que é preciso estar fora de alcance, livre de qualquer tentáculo. Esse desejo de se manter solto é legítimo, mas hoje me permita não endossar manifestações de alforria. Entrando na semana dos namorados, recomendo fazer reserva num local aconchegante e naturalmente aquecido: dentro de um abraço que te baste. ________________
Tenho amigas de fé. Muitas. Uma delas, que é como uma irmã, me escreveu um e-mail poético, dia desses. Ela comentava sobre o recital que assistiu do pianista Nelson Freire, recentemente. Tomada pela comoção durante o espetáculo, ela finalizou o e-mail assim: “Nessas horas Deus aparece”. Fiquei com essa frase retumbando na minha cabeça. De fato, Deus não está em promoção, se exibindo por aí. Ele escolhe, dentro do mais rigoroso critério, os momentos de aparecer pra gente. Não sendo visível aos olhos, ele dá preferência à sensibilidade como via de acesso a nós. Eu não sou uma católica praticante e ritualística – não vou à missa. Mas valorizo essas aparições como se fosse a chegada de uma visita ilustre, que me dá sossego à alma. Quando Deus aparece pra você? Pra mim, ele aparece sempre através da música, e nem precisa ser um Nelson Freire. Pode ser uma música popular, pode ser algo que toque no rádio, mas que me chega no momento exato em que preciso estar reconciliada comigo mesma. De forma inesperada, a música me transcende. Deus me aparece nos livros, em parágrafos que não acredito que possam ter sido escritos por um ser mundano: foram escritos por um ser mais que humano. Deus me aparece – muito! – quando estou em frente ao mar. Tivemos um papo longo, cerca de um mês atrás, quando havia somente as ondas entre mim e ele. A gente se entende em meio ao azul, que seria a cor de Deus, se ele tivesse uma. Deus me aparece – e não considere isso uma heresia – na hora do sexo, quando feito com quem se ama. É completamente diferente do sexo casual, do sexo como válvula de escape. Diferente, preste atenção. Não quer dizer que qualquer sexo não seja bom. Nesse exato instante em que escrevo, estou escutando “My Sweet Lord” cantado não pelo George Harrison (que Deus o tenha), mas por Billy Preston (que Deus o tenha, também) e posso assegurar: a letra é um animado bate-papo com ele, ritmado pelo rock’n’roll. Aleluia. Deus aparece quando choro. Quando a fragilidade é tanta que parece que não vou conseguir me reerguer. Quando uma amiga me liga de um país distante e demonstra estar mais perto do que o vizinho do andar de cima. Deus aparece no sorriso do meu sobrinho e no abraço espontâneo das minhas filhas. E nas preocupações da minha mãe, que mãe é sempre um atestado da presença desse cara. E quando eu o chamo de cara e ele não se aborrece, aí tenho certeza de que ele está mesmo comigo. ___________________ Gentil demais Recebi um livro chamado A arte de ser gentil, com o dispensável subtítulo A bondade como chave para o sucesso, que, a meu ver, descredibiliza um pouco o autor, o sueco Stefan Einhorn, já que ser gentil deveria ser uma atitude para facilitar as relações humanas, e não uma meta para o sucesso. Que sucesso, o quê. Agora tudo o que a gente faz tem que visar o sucesso? O texto da contracapa diz que uma pessoa gentil terá mais oportunidades de se tornar feliz, rica, bem-sucedida e realizada, e que o livro fornecerá soluções imediatas e de longo prazo para os interessados em se tornarem seres humanos melhores. Foi tudo que li até agora, a contracapa, e não vou adiante. Primeiro, porque tenho uma pilha de outros livros me aguardando, e em segundo lugar, porque já sou gentil. Nem sabia que sendo gentil eu poderia ficar rica, feliz, bemsucedida e essa coisa toda. Sou gentil simplesmente porque acho mais fácil do que ser grosseira. Despende menos energia. E também porque não vejo graça em magoar as pessoas. Até aí, estou no padrão. O que ninguém nos ensina é que gentileza demais pode, por incrível que pareça, também ser um defeito, e dos graves. Óbvio que não se deve ser rude com amigos, parentes, colegas de trabalho, vizinhos, comerciários, mas ser exageradamente gentil com todo mundo pode colocar a nossa vida em risco. Por exemplo: o que você faz se, ao chamar o elevador de um prédio estranho, à noite, a porta se abrir e lá dentro estiver um sósia do Curinga, com uma cicatriz perturbadora na face e vestindo um sobretudo enorme que poderia muito bem esconder duas pistolas, três granadas e um rifle? Você certamente teria uma vontade súbita de descer pela escada e sumiria de vista. Pois eu entraria no elevador toda faceira, daria boa noite e faria comentários sobre o clima, pois deus que me livre de ele achar que eu sou preconceituosa e que sua aparência me fez pensar que ele pudesse ser um esquartejador de mulheres. Por que ele não pode ser um pai de família como outro qualquer? Se eu pego um táxi e o motorista demonstra não ter o menor senso de direção, arranha marchas, não usa o piscapisca e tira um fino dos outros carros, eu é que não vou mandá-lo de volta para a autoescola. Se ele correr a 200km/h, tampouco solto os cachorros, vá saber o dia horroroso que ele está descontando no acelerador, coitado. Neste caso eu simplesmente “me lembro” de que o endereço onde pretendo ir fica na próxima esquina, e não três bairros adiante, e saio pedindo desculpas pelo meu equívoco. Se um garçom se aproximar perigosamente de mim com uma panela cheia de óleo fervente, eu não dou um pio, imagina se vou pedir para ele se afastar. Ele vai me considerar uma elitista estúpida – não basta ter pedido um fondue caríssimo, ainda vou ser grossa? Nada disso, uma queimadura no braço não mata ninguém. E se eu estou caminhando por uma rua escura e, na direção contrária, vem um adolescente com um gorro enterrado até o nariz e as duas mãos enfiadas numa jaqueta, eu começo a rezar, mas não troco de calçada, imagina o trauma que posso causar no menino: vai ver é até um amigo da minha filha. Se você tem mais de nove anos de idade, já sabe reconhecer uma ironia e entendeu meu recado: seja gentil, mas não a ponto de perder o tino. Se tiver que ferir suscetibilidades para salvar sua pele, paciência. Atravesse a rua. Desça pela escada. Dê no pé. Sucesso é chegar em casa com vida. ___________________ Atravessando a fronteira do oi Anos atrás, quando eu malhava em academia, sempre cruzava com uma fotógrafa que eu conhecia de vista. Eu dizia oi, ela dizia oi. Depois parei de frequentar a academia e comecei a caminhar no parque. De vez em quando, ela caminha por ali também. Quando a gente se cruza, ela diz oi, eu respondo oi. Essa emocionante troca de ois constitui toda a nossa “relação”. No entanto, temos uma querida amiga em comum. Contei para essa amiga que eu estava indo para Londres. Tiraria uma semana de férias, sozinha. Essa minha amiga então me disse: “Você vai estar lá no mesmo período que a Eneida, a fotógrafa. Quer o e-mail dela?”. Encurtando a história: escrevi para a Eneida, que já se encontrava em Londres. “Você vem para cá? Ótimo! Vamos jantar juntas? Combinado.” Trocamos endereços, telefones e afeto. E isso tudo me fez pensar o seguinte: nós duas moramos na mesma cidade e possivelmente no mesmo bairro, dada a relativa frequência com que nos cruzamos. E, no entanto, nenhuma das duas jamais pensou em convidar a outra para jantar, por uma razão muito simples e compreensível: somos duas estranhas. Ela tem a vida dela, eu tenho a minha. Ela tem uma agenda apertada, eu tenho a minha. Ninguém convida para jantar alguém que só conhece de vista, a não ser que seja cantada, o que não é nosso caso. O nosso caso é outro: somos um exemplo de como uma cidade estrangeira pode anular cerimônias e estranhamentos. Na cidade da gente, nos agarramos aos nossos hábitos e aos nossos vínculos. Estando fora, viramos uns desgarrados e naturalmente nos abrimos para conhecer novas culturas, novos costumes e novas pessoas, mesmo pessoas que já poderíamos ter conhecido há mais tempo – mas que não víamos necessidade. Viajando, ficamos mais propícios ao risco e à experimentação. Encaramos bacon no café da manhã, passeamos na chuva, vamos ao super de bicicleta, dormimos na grama, comemos carne de cobra, dirigimos do lado direito do carro, usamos banheiro público, fazemos confidências a quem nunca vimos antes. O passaporte nos libera não só para a entrada em outro país, como também para a entrada em outro estilo de vida, muito mais solto do que quando estamos em casa, na nossa rotina repetitiva. No momento em que você lê essa crônica, estou dentro do Eurotunnel, ou seja, no trem que percorre o Canal da Mancha. É, embaixo d’água. Saí de Londres e estou indo para Paris, de onde embarcarei de volta para o Brasil no próximo final de semana. A essa altura, já jantei com a Eneida. Já nos tornamos amigas de infância ou cada uma decidiu trocar de parque nas próximas caminhadas. O que importa é que atravessamos a barreira do oi, esse cumprimento protocolar que tão raramente progride para uma proximidade de fato. Eu teria uma dúzia de razões para explicar por que gosto tanto de viajar, mas por hoje fico apenas com esta: pela alegria de viver e pela falta de frescura. ______________________ A escola da vida Estive em Londres e soube que o escritor Alain de Botton está fazendo um certo barulho com sua mais nova empreitada cultural. Não é um novo livro, e sim algo mais ambicioso: um curso de ideias para se viver melhor, ou seja, para se aprender a lidar com o cotidiano de uma forma mais prática e inventiva. Contrapondo-se às escolas tradicionais, que ensinam coisas que, na maioria das vezes, jamais nos serão úteis, ele está implantando a sua The School of Life na capital inglesa. O projeto é meio odara, mas interessante. “A Escola da Vida” procura educar para a existência, para o aqui e agora, privilegiando lições mais excitantes do que as que aprendemos sobre ácidos nucleicos ou química orgânica. Com arte, filosofia e bom humor, Alain de Botton montou uma equipe para ajudar os alunos a encontrarem respostas para perguntas tipo “Preciso mesmo de um relacionamento amoroso?”, “Como aproveitar de forma mais inteligente e criativa o meu tempo livre?”, “Odeio meu trabalho: e agora?”, “De onde saem nossos conceitos sobre política?”, “Dá para extrair mais proveito de visitas a museus, cinemas e teatros?”, “Como conviver com o medo da morte?”, “Será que minha família é tão estranha como as outras?”. Resumido dessa forma, dá ares de charlatanismo, mas quem conhece os livros de Alain de Botton sabe que ele émestre em misturar todos os departamentos (viagens, amores, arquitetura etc.) e que se ampara nas obras de famosos intelectuais para explicar e valorizar o mundano. Enfim, ele encontrou um nicho e o está explorando com muito senso de oportunidade, porque estamos vivendo uma época em que ter um diploma, uma carreira e uma família bonitinha não tem bastado para preencher nossas almas inquietas. Queremos mais prazer, mais independência, mais beleza. Em que colégio se aprende isso, em que faculdade? Se você não tem talento para ser um autodidata, Alain de Botton convida a sentar num banco escolar e ter como professores Proust, Baudelaire, Churchill, Lao Tse e mais uma turma da pesada, todos dispostos a desanuviar a sua mente. Estive na pequena loja que ele abriu nos arredores da Russell Square, onde se pode encontrar cartazes que ilustram o espírito do projeto, informações sobre os cursos e, principalmente, vários livros que fazem parte da “biblioterapia” que a The School of Art propõe. Vive melhor quem lê a respeito das questões que lhe afligem, e não se trata aqui de livros de autoajuda, e sim romances de ficção, ensaios filosóficos, biografias. Isso tudo pode ser apenas uma jogada de autopromoção, mas eu simpatizei com a ideia, porque acredito mesmo que estamos precisando de um reforço extracurricular. Para se formar um ser humano, não adianta apenas ensinar física, biologia, história, matemática e demais matérias convencionais. Precisamos também ser especialistas em viajar, em se relacionar melhor, em consumir cultura, em ter uma visão menos ortodoxa de tudo que nos cerca. O material é farto e os resultados podem ser aplicados no dia a dia. Bem viver também faz parte da educação. _______________________ Educação para o divórcio Estou lendo O quebra-cabeça da sexualidade, do professor espanhol José Antonio Marina. No livro, o autor diz que considera preocupante que os jovens estejam recebendo dos pais a experiência do fracasso amoroso. Ao ver a quantidade de casais que se separam, a garotada vai perdendo a expectativa de ter, no futuro, uma relação saudável e sem conflito. Desencantam-se. Creio que esteja acontecendo mesmo. Hoje o casamento já não é a ambição número 1 de muitos adolescentes, e um pouco disso se deve à descrença de que o matrimônio seja uma via para a felicidade. Se fosse, por que tanta gente se separaria? O casamento tem sofrido uma propaganda negativa de tamanho grau que é preciso uma reação da sociedade: está na hora de passarmos a ideia, para nossos filhos, de que uma relação não traz apenas privações, tédio e brigas, mas traz também muita realização, estabilidade, parceria, intimidade, gratificações. Casar é muito bom. Como fazê-los acreditar nisso, se as estatísticas apontam um crescimento incessante no número de divórcios? A saída talvez seja educarmos os filhos desde cedo para que a ideia de separação seja acatada como algo que faz parte do casamento. Ou seja, quando os pirralhinhos perguntarem: “Mamãe, você ficará casada com o papai para sempre?”, a resposta pode ser: “Enquanto a gente se amar, continuaremos juntos – senão vamos virar amigos, o que também é muito bom”. A normalidade das coisas se adapta aos costumes. Vagarosamente, mas se adapta. Se continuarmos insistindo na ideia de que o verdadeiro amor não acaba, as crianças vão achar que o mundo adulto é habitado por incompetentes que não sabem procurar sua alma gêmea e que sofrem em demasia. Vão querer isso para elas? Fora de cogitação. Para evitar essa fuga em massa do casamento, a saída é, como sempre, a honestidade. Seguir educando para o “eterno” é uma incongruência. Ninguém fica no mesmo emprego para sempre, ninguém mora na mesma rua para sempre, ninguém pode prometer uma estabilidade vitalícia em relação a nada, e se a maioria das mudanças é considerada uma evolução, um aperfeiçoamento, por que o casamento não pode ser visto dessa mesma forma descomplicada e sem stress? A frustração sempre é gerada por expectativas que não se realizam. Se nossos filhos ainda são criados com a ideia de que pai e mãe viverão juntos para sempre, uma separação sempre será mais traumática e eles também temerão “fracassar” quando chegar a vez deles. Se, ao contrário, souberem desde cedo que adultos podem (não é obrigatório) viver duas ou três relações estáveis durante uma vida, essa nova ética dos relacionamentos será absorvida de forma mais tranquila e eles seguirão entusiasmados pelo amor, que é o que precisa ser mantido, em benefício da saúde emocional de todos nós. Fonte: VEJA http://veja.abril.com.br/livros_mais_vendidos/trechos/feliz-por-nada.shtml ______________
Há no ar um certo queixume sem razões muito claras. Converso com mulheres que estão entre os 40 e 60 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e, ainda assim, elas trazem dentro delas um não-sei-o-que perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem. Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: 'Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento'. Passei minha adolescência com a mesma sensação de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são - ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho... As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas... Então, fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando, na verdade, a festa lá fora não está tão animada assim! Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Prá consumo externo, todos são belos, sexy, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores, enfim, campeões em tudo! Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Será tão gratificante ter um "paparazzo" na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé? Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.
Publicado por Rosangela Aliberti em 29/08/2014 às 01h06
28/08/2014 09h00
audio-video V ROCK, BLUES, Reggae, Pop Music & Cia (sugestões YouTube e gerais)
A AC/DC - Its A Long Way To The Top If Ya Wanna Rock And Roll Al Stewart - "Time Passages" (1978) Lyrics Alice Cooper - School's Out
Ayo - "Life Is Real" http://www.youtube.com/watch?v=OF37qHLH76s B B.B King & Eric Clapton - Ten Long Years Black Sabbath - Children Of The Grave BLIND GUARDIAN - Don't Talk To Strangers
C Carlos Santana & Everlast - Put Your Lights On Cream - White Room https://www.youtube.com/watch?v=kmjmlb7vpBU Creedence Clearwater Revival - Long As I Can See The Light http://www.youtube.com/watch?v=Q1809vqz3zA D David Bowie & Mick Jagger - Dancing in The Street Deep Purple - You Keep On Moving (Live - 1975) http://www.youtube.com/watch?v=ukuilhw3ydc Depeche Mode – Enjoy The Silence E Eagles - Take It Easy
Eric Clapton/JJ Cale - Call Me The Breeze http://www.youtube.com/watch?v=l8uk7vlk0sE Eric Clapton / Knopfler - Can't Find My Way Home http://www.youtube.com/watch?v=57Bm2xvuzCA F Frank Zappa - Black Napkins J JIMI HENDRIX N JOPLIN - SUMMERTIME
JJ Cale & Eric Clapton - Last Will and Testament http://www.youtube.com/watch?v=2-NYsws_yNI&feature=fvst
Jon Lord - Kroenungsmesse (Mozart) G Gary Moore - Parisiennse Walkways Grand Funk Railroad - We're An American Band LIVE - 1974 Greg Laswell - The One I love http://www.youtube.com/watch?v=VagADNMyJuk&feature=related I Iggy Pop – The Passenger INXS - Need You Tonight Iron Butterfly - In A Gadda Da Vida J Jello Biafra & The Guantanamo School Of Medicine Jefferson Airplane - Uncle Sam Blues (Woodstock 1969)
Júpiter Maçã - Miss Lexotan http://www.youtube.com/watch?v=g4Ng6sfmWEI L Lou Reed - Walk On The Wild Side Lynyrd Skynyrd – Sweet home Alabama M Marillion - Chelsea Monday Mark Knopfler, Clapton, Collins & Sting - Money for Nothing N Nirvana - Come As You Are Nuno Mindelis - Castles Made of Sand/Jimi Hendrix O O dólar furado Oasis – Wonderwall P Paul McCartney Something Live at Anfield, Liverpool 1st June 2008 Pearl Jam with U2 (Bono&The Edge) https://www.youtube.com/watch?v=8SCt1mNbE2o Puff Daddy feat. Jimmy Page - Come With Me Q R Radiohead - Karma Police (leg.) Rage Against The Machine – Killing in the name Red Hot Chili Peppers - Monarchy of Roses R.E.M. - Losing My Religion Rolling Stones & Bob Dylan - Like A Rolling Stone (Maracanã - Br/1998) Rush - Afterimage (HQ) T The Animals - House of the Rising Sun (1964) The Beatles - Hey Jude The Beatles - I'm Down The Beatles - World Without Love The Clash- Should I stay or should I go The Doors- The Doors [Full Album] http://www.youtube.com/watch?v=ZaB4k_b9m0w&feature=related The Doors - Riders on the Storm (original album) The Fleetwoodsm - Come Softly to Me The Hollies - Bus Stop The Kinks- You Really Got Me The Rolling Stones - Get Off of My Cloud (1967) The Smashing Pumpkins - 1979 The White Stripes – Seven Nation Army
V Van Der Graaf Generator - Undercover Man (1975 Live) W Whitney Houston - It's Not Right But It's Ok http://www.youtube.com/watch?v=2VFzJLK51cs Who - Won't get fooled again 1971 WhoCares - Out Of My Mind OFFICIAL VIDEO Y Z Zola Jesus - Avalanche ( studio take ) http://www.youtube.com/watch?v=PFu6WpdxTdk _____________________ 1. Encontre a música que era TOP 1 no dia que você nasceu, p/ isso, vá até este site e pesquise na sua data de nascimento: www.joshhosler.biz (primeiro o mês, depois o dia e por ultimo o ano) * Mais? audio-video IV ROCK, BLUES, Reggae, Pop Music & Cia (sugestões YouTube e gerais)http://www.rosangelaliberti.recantodasletras.com.br/blog.php?idb=22104 * Visite a loja "ART ROCK MAGAZINE": (art by Worth 1000)
Publicado por Rosangela Aliberti em 28/08/2014 às 09h00
17/08/2014 18h55
Morte de uma baleia por Clarice Lispector
Morte de uma baleia por Clarice Lispector Em minutos espalhara-se a notícia: uma baleia no Leme e outra no Leblon haviam surgido na arrebentação de onde tinham tentado sair sem no entanto poder voltar. Eram descomunais apesar de apenas filhotes. Todos foram ver. Eu não fui: corria o boato de que ela agonizava já há oito horas e que até atirar nela haviam atirado mas ela continuava agonizando e sem morrer. Senti um horror diante do que contavam e que talvez não fossem estritamente os fatos reais, mas a lenda já estava formada em torno do extraordinário que enfim, enfim! acontecia, pois por pura sede de vida melhor estamos sempre à espera do extraordinário que talvez nos salve de uma vida contida. Se fosse um homem que estivesse agonizando na praia durante oito horas nós o santificaríamos, tanto precisamos de crer no que é impossível. Não, não fui vê-la: detesto a morte. Deus, o que nos prometeis em troca de morrer? Pois o céu e o inferno nós já os conhecemos - cada um de nós em segredo quase de sonho já viveu um pouco do próprio apocalipse. E a própria morte. Fora das vezes em que quase morri para sempre, quantas vezes num silêncio humano - que é o mais grave de todos do reino animal -, quantas vezes num silêncio humano minha alma agonizando esperava por uma morte que não vinha. E como escárnio, por ser o contrário do martírio em que minha alma sangrava, era quando o corpo mais florescia. Como se meu corpo precisasse dar ao mundo uma prova contrária de minha morte interna para esta ser mais secreta ainda. Morri de muitas mortes e mantê-las-ei em segredo até que a morte do corpo venha, e alguém, adivinhando, diga: esta, esta viveu. Porque aquele que mais experimenta o martírio é dele que se poderá dizer: este, sim, este viveu. O mais estranho é que todas as vezes em que era só o corpo que estava à morte, a alma o desconhecia: da última vez em que meu corpo quase morreu, ignorando o que sucedia, tinha uma espécie de rara alegria como se ela estivesse enfim liberta enquanto o corpo doía como o Inferno. Uma das vezes, só depois que passou é que me disseram: eu havia estado três dias entre vida e morte, e nada garantiam os médicos, senão que tudo tentariam. E eu tão inocente do que estava acontecendo que estranhava não permitirem visitas. Mas eu quero visitas, dizia, elas me distraem da dor terrível. E todos os que não obedeceram à placa “Silêncio”, todos foram recebidos por mim, gemendo de dor, como numa festa: eu tinha-me tornado falante e minha voz era clara: minha alma florescia como um áspero cáctus. Até que o médico, realmente muito zangado e num tom definitivo, disse-me: mais uma só visita e lhe darei alta no estado mesmo em que você está. “O estado em que eu estava” eu o desconhecia, nunca nesses dias notei que estava no limiar da morte. Parece-me que eu vagamente sentia que, enquanto sofresse fisicamente de um modo tão insuportável, isso seria a prova de estar vivendo ao máximo. Lembro-me agora de uma vez que ao olhar um pôr-do-sol interminável e escarlate também eu agonizei com ele lentamente e morri, e a noite veio para mim cobrindo-me de mistério, de insônia clarividente e, finalmente por cansaço, sucumbindo num sono que completava a minha morte. E quando acordei, surpreendi-me docemente. Nos primeiros ínfimos instantes de acordada pensei: então quando se está morta se conserva a consciência? Até que o corpo habituado a mover-se automaticamente me fez fazer um gesto muito meu: o de passar a mão pelos cabelos. Então num susto percebi que meu corpo e minha alma tinham sobrevivido. Tudo isto - a certeza de estar morta e a descoberta de que eu estava viva - tudo isto não durou, creio, mais que dois Sim, juro que somos deuses. Porque eu também já morri de alegria muitas vezes na minha vida. E quando passava essa espécie de gloriosa e suave morte, eu me surpreendia de que o mundo Não fui ver a baleia que estava a bem dizer à porta de minha casa a morrer. Morte, eu te odeio. Enquanto isso as notícias misturadas com lendas corriam pela cidade do Leme. Uns diziam que a baleia do Leblon ainda não morrera mas que sua carne retalhada em vida era vendida por quilos pois carne de baleia era ótimo de se comer, e era barato, era isso que corria pela cidade do Leme. E eu pensei: maldito seja aquele que a comerá por curiosidade, só perdoarei quem tem fome, aquela fome antiga dos pobres. Outros, no limiar do horror, contavam que também a baleia do Leme, embora ainda viva e arfante, tinha seus quilos cortados para serem vendidos. Como acreditar que não se espera nem a morte para um ser comer outro ser? Não quero acreditar que alguém desrespeite tanto a vida e a morte, nossa criação humana, e que coma vorazmente, só por ser uma iguaria, aquilo que ainda agoniza, só porque é mais barato, só porque a fome humana é grande, só porque na verdade somos tão ferozes como um animal feroz, só porque queremos comer daquela montanha de inocência que é uma baleia, assim como comemos a inocência cantante de um pássaro. Eu ia dizer agora com horror: a viver desse modo, prefiro a morte. E exatamente não é verdade. Sou um feroz entre os ferozes seres humanos - nós, os macacos de nós mesmos, nós, os macacos que idealizaram tornarem-se homens, e esta é também a nossa grandeza. Nunca atingiremos em nós o ser humano: a busca e o esforço serão permanentes. E quem atinge o quase impossível estágio de Ser Humano, é justo que seja santificado. Porque desistir de nossa animalidade é um sacrifício. Clarice Lispector, in: A Descoberta do Mundo. Publicado por Rosangela Aliberti em 17/08/2014 às 18h55
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